7.9.10

*(F) Azul..

..





























Ébrio de êxtase, embora consciente das mais ínfimas sensações
deixou-se arrastar pelo fluxo luminoso que, do tanque, se ia
perder entre rochedos. Caíu numa espécie de doce sonolência
sonhou com indescritíveis aventuras, das quais foi despertado
por uma nova visão.


Encontrava-se deitado sobre a relva fofa, à beira
de uma fonte que parecia, ao brotar, desvanecer-se nas alturas.
A poucos passos, erguiam-se uns rochedos de um azul escuro
raiado de veios multicores; a luz que o banhava era mais suave
e límpida do que habitualmente, o céu, de um negro azulado
perfeitamente puro.

Porém, o que o atraíu e fascinou irresistívelmente
foi uma flor alta, de um azul etéreo que, debruçando-se
à beira da fonte, o roçava com as suas largas pétalas luminosas.

À sua volta, um cem número de flores ostentava os seus
variados tons, e um perfume dos mais deliciosos enchia

de fragâncias o ar. Ele, todavia, só tinha olhos para (a Flor Azul)
e longo tempo ficou a contemplá-la tomado de uma indescrtível ternura.

Quando ia a aproximar-se, a flor começou, de repente, a mover-se
e a transformar-se: as folhas, cada vez mais brilhantes
estenderam-se ao longo do caule, que se alongava, e a Flor
inclinou-se para ele, desenhando as suas pétalas uma gola azul
à roda de um rosto terno e flutuante...




Novalis (Heinrich D' Ofterdingen - A E.s.p.e.r.a)

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