23.11.12

tomai..esse é meu corpo!!



Tomai e comei todos vós:
{isto é o meu corpo}.




































Escrevo porque a mim não dão outra escolha.


[In]transigentes, tiranas,
despóticas, apropriam-se da minha vida, dos meus dias,
dos meus olhos e só através delas consigo enxergar meu rosto.


Minhas palavras são os {cacos}
do grande espelho que me reflete e são a grande rede em que
me enredo.


(Ninguém chega a mim senão por elas.)















Não se farte de minhas palavras,
são tóxicas e letais quando ingeridas em (altas doses.)


Não são para serem devoradas sem limites, são para serem
sorvidas aos poucos, conhaque que aquece entre as mãos,
mulher que se excita no deslizar e avançar de lábios pelo corpo.











Assim deves passear teus olhos sobre minhas palavras,
deter-te nas vírgulas, parar nos pontos, retornar nas
rimas internas e experimentar as duas mãos do {duplo
sentido.}



A fome ou a pressa te fariam perder o melhor do sabor
e do passeio, as sutilezas dos condimentos que insinuam-se
pelos decotes das e.n.t.r.e.l.i.n.h.a.s


{o olhar lascivo de fim de frase,.)















Pouco delas é perder a viagem, mas muito é certeza de coma alcoólica,
crise hepática, choque anafilático, overdose, convulsão, falência múltipla
de órgãos.


(Não se arrisque, belisque pelas beiradas.)




















Está quente..


Respiro goles de palavras em sílabas, dígrafos arranham um
pouco a garganta e hiatos são tragados numa só inspiração.

Ficar sem palavras é ficar sem ar. Escrever é minha necessidade
fisiológica mais premente. As palavras são absorvidas e expiradas.

Transformar o mundo internamente e codificar as impressões que
ele deixa é meu metabolismo primário.





Comer,

defecar,

urinar,

copular,

Tudo isso pode ser adiado, mas o absorver, esvair, deglutir, expelir palavras
não me dá descanso e não admite postergação. A




As palavras amotinam-se e (me) enlouquecem se não as expurgo.





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