21.1.09

“saudade de coisa nenhuma”









Estou pensando em saudade.
Algum poeta já disse que amor é “saudade de coisa nenhuma”


(Amar) é apostar todas as cartas num jogo incerto
e perder tudo, inclusive – e principalmente – ele mesmo.




Como o aviso nos portões do inferno, diante de Dante:
“vós que aqui entrais, deixai para trás todas as esperanças”.
Quem se propõe a amar deve jogar fora suas esperanças,
encontra-se como Dante diante do inferno, mas não possui
nenhum Virgílio a quem recorrer.

E mesmo sabendo disso, o amante caminha.
{Saudades inexplicáveis}


Como viver depois da chuva?...
É por isso que o amor é contingente.
Ele pode ocorrer – ou não.


Um grande amor pode estar em qualquer lugar
e, sem saber, esperando. Esperando alguma coisa
ou alguém, que pode nunca chegar.


E nós seguimos assim, esperando também.

Esperando o dia de amanhã, sábado, domingo.

{Esperando a chuva passar}


Os dias, meses, anos. E o amor, o grande amor, contingente,
passa ao lado, incauto, virginal e nao conseguimos o (tocar)



Contingente.

Mas e o sentimento que não cessa?
Mas e a necessidade, premente, de esperar?
E o sentimento que sempre estará lá, o movimento
próprio de busca, isso que impulsiona a amar
não é necessário?

Não é ele sempre uma constante, uma fatalidade
quase uma condição para a humanidade?


(Algo do amor é necessário)


Não pára. E esse algo é a busca mesmo.
É aquilo que sobra de um sonho que não deu certo
mas que permanece em saudade. Esse sentimento tão
alheio a nós que faz sonhos.

Se a possibilidade do encontro amoroso é contingente
o amor mesmo é necessário.

Por que há busca, não importa como, ou a nostalgia dela,
quando existe a saudade.




Sintomas de saudade de uma vida Q-nao vivi.





Ex-tranhamente são:00:02


^^

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