
Chove muito
E a noite principia lá fora
Em mim há muito que {anoite}ceu
abro a janela e presencio
a fusão das duas noites
A escuridão amplia as inquietações
e conduz-me à clarividência noturna
de algumas constatações
A espera mostra-se na cumplicidade dos silêncios
E anuncia-se na convergência das palavras
Quando a noite se faz NEGRA
Os abismos estão tão próximos
Olho em volta
Não vejo nada... Ninguém pra (me)
salvar de mim mesma
Tudo o mais é si-lê-ncio
Tudo o mais é cin-za
Tudo o mais é ruí-na
Tudo o mais é tão pou-co
Tudo o mais é tão na-da
Tudo o mais é va-zio
Tudo o mais é sem (cor)
E assim morrem as palavras na minha boca

Morrem as palavras em mim e ressuscitam
em silêncios Morrem as palavras na voz amordaçada
Morrem as palavras que trago nas minhas mãos
nestas mãos que procuram as tuas
Morrem as minhas palavras
em {mim}
"É preciso ter asas, quando se ama o abismo"
(Nietzsche)
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