
Há um lugar para onde vão os sonhos
que a gente desa.credita..?
Inóspito o que encontrei//
Cada vez é um susto
cada vez se faz sil^ncio
e sempre um pequeno luto
Partiu.
Partiu-se.
Se partiu.
Se partiram.
Partiram||se.
Em mil pedaços.
E hoje sou crivada de mosaicos
recheada de labirintos
Tua lembrança vive costurada à minha sombra
e ora te pisoteio, ora fujo de ti.
Tua lembrança toma a forma das coisas do meu dia:
Meus livros, minha cama, as saliências das ruas
que percorro, a comida revirada num prato qualquer.
Em tudo floresce tua marca de escorpião e tulipas
de arreio e asas. Alço vôo na esperança de me despreender
da sombra que te carrega e ela se faz maior e mais escura
se projeta sobre as árvores da rua em que moro, cobre as
pessoas que não me vêem passar e tu te agigantas, fazendo-me
percecer minha manobra inútil.
Não há como livrar minha sombra
da tua lembrança.
2 comentários:
Se houver saudade que pegar tua mão, levar-te ao mar,
Deixa no mar o fogo hastear seus feixes - dilui n'água
O coração em brasa.
Decerto voltarei co'arder d'ocaso na marisma
E vinda a noite ouvir meu canto,
Não será da Lua o tom fosfóreo sobre as vagas.
Também qual pedra que de honra ao sol jogada à chama
Meu coração s'inflama e não dissolve;
Teu, meu coração não se dissolve – e inflama
Feito pedra de sol jogada à chama.
Há um lugar para onde vão os sonhos que a gente desacredita?
Fantástico.
Não há como livrar minha sombra
da tua lembrança.
Ler esse texto é como olhar as próprias víceras. Um dos melhores que já li.
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