17.8.10

[In] sombra
















Há um lugar para onde vão os sonhos
que a gente desa.credita..?




Inóspito o que encontrei//


Cada vez é um susto
cada vez se faz sil^ncio
e sempre um pequeno luto





Partiu.
Partiu-se.




Se partiu.




Se partiram.
Partiram||se.



Em mil pedaços.
E hoje sou crivada de mosaicos
recheada de labirintos








Tua lembrança vive costurada à minha sombra
e ora te pisoteio, ora fujo de ti.

Tua lembrança toma a forma das coisas do meu dia:

Meus livros, minha cama, as saliências das ruas
que percorro, a comida revirada num prato qualquer.

Em tudo floresce tua marca de escorpião e tulipas
de arreio e asas. Alço vôo na esperança de me despreender
da sombra que te carrega e ela se faz maior e mais escura
se projeta sobre as árvores da rua em que moro, cobre as
pessoas que não me vêem passar e tu te agigantas, fazendo-me
percecer minha manobra inútil.





Não há como livrar minha sombra
da tua lembrança.

2 comentários:

Niente disse...

Se houver saudade que pegar tua mão, levar-te ao mar,
Deixa no mar o fogo hastear seus feixes - dilui n'água
O coração em brasa.
Decerto voltarei co'arder d'ocaso na marisma
E vinda a noite ouvir meu canto,
Não será da Lua o tom fosfóreo sobre as vagas.
Também qual pedra que de honra ao sol jogada à chama
Meu coração s'inflama e não dissolve;
Teu, meu coração não se dissolve – e inflama
Feito pedra de sol jogada à chama.

Marcos Paulo Souza Caetano disse...

Há um lugar para onde vão os sonhos que a gente desacredita?

Fantástico.

Não há como livrar minha sombra
da tua lembrança.

Ler esse texto é como olhar as próprias víceras. Um dos melhores que já li.