22.6.09

Noite//Densa













..

































Há dias que terminam ao contrário

Como se morressem nas primeiras estrelas

Há dias que sangram em vez de anoitecer



dias que relutam em despir o manto do sol

Pra se vestir de negro dias que morrem em quietude e solidão

No desaprender de esperar

Dessas sosseguei mil noites nascidas







































[EU] acordei com o gosto do nada

Enxergando a minha vida em 8mm

preto/branco



Tomo café e percebo que tudo ali

tem gosto de sombra vencida de velho

Vejo que o papel de parede decorado



é mofo que as portas estão carcomidas

de paredes manchadas pela umidade

de camas geladas que parecem molhadas

e ouço as baratas dentro das gavetas

















[EU] sei que amanhã pode ser tarde



































[EU] sai pela porta e deixei a covardia

presa no banheiro junto com meus anti-depressivos



[EU] voltei pra casa pela milésima

septuagésima terceira vez e carrego

os olhos repletos de des ex-pectativas



inundados da ausência dos espectros

que aprendi a desesperar caminho

lenta pelas mesmas ruas encharcadas

de impossibilidades



reflito nas vitrines que me vêem passar só e busco

nos bolsos o calor das mãos tão distantes





































[EU] ando como se soubesse do rumo

que há tanto deveria ter tomado como

se a estrada que me levaria lá sempre

tivesse estado estendida na porta da

sua casa e meus passos são leves e

rápidos mais rápido e não tão leve

um coração descompassado





Há medo e angústia sensação de

nadar a favor e em favor de si



[EU] dobrei a esquina como sempre

e todo dia olho para o chão ocupada

com o piso irregular e mais uma vez..



no fundo nego a esperança torta do

que poderia ser desacreditando

do que será por ser demais





































[EU] caminho alheia a tudo de si

Esquecida do que é



[EU] sorrio tendo vontade de chorar

Fica pra depois dividir o sorriso

Assim inauguro-se, só mais uma noite..











Renascendo à cada manhã

Num espaço desigual

O casulo em cons-trução









Então R.e.s.p.i.r.o

Resguardo...







Paro Reparo

E vejo Sinto Penso em voar

Mas antes de voar









Sinto a dor do crescer das asas

Depois da dor Esqueço como é andar





[Não quero morrer a cada anoitecer! ]
















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