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Há dias que terminam ao contrário
Como se morressem nas primeiras estrelas
Há dias que sangram em vez de anoitecer
dias que relutam em despir o manto do sol
Pra se vestir de negro dias que morrem em quietude e solidão
No desaprender de esperar
Dessas sosseguei mil noites nascidas

[EU] acordei com o gosto do nada
Enxergando a minha vida em 8mm
preto/branco
Tomo café e percebo que tudo ali
tem gosto de sombra vencida de velho
Vejo que o papel de parede decorado
é mofo que as portas estão carcomidas
de paredes manchadas pela umidade
de camas geladas que parecem molhadas
e ouço as baratas dentro das gavetas
[EU] sei que amanhã pode ser tarde

[EU] sai pela porta e deixei a covardia
presa no banheiro junto com meus anti-depressivos
[EU] voltei pra casa pela milésima
septuagésima terceira vez e carrego
os olhos repletos de des ex-pectativas
inundados da ausência dos espectros
que aprendi a desesperar caminho
lenta pelas mesmas ruas encharcadas
de impossibilidades
reflito nas vitrines que me vêem passar só e busco
nos bolsos o calor das mãos tão distantes
[EU] ando como se soubesse do rumo
que há tanto deveria ter tomado como
se a estrada que me levaria lá sempre
tivesse estado estendida na porta da
sua casa e meus passos são leves e
rápidos mais rápido e não tão leve
um coração descompassado
Há medo e angústia sensação de
nadar a favor e em favor de si
[EU] dobrei a esquina como sempre
e todo dia olho para o chão ocupada
com o piso irregular e mais uma vez..
no fundo nego a esperança torta do
que poderia ser desacreditando
do que será por ser demais

[EU] caminho alheia a tudo de si
Esquecida do que é
[EU] sorrio tendo vontade de chorar
Fica pra depois dividir o sorriso
Assim inauguro-se, só mais uma noite..
Renascendo à cada manhã
Num espaço desigual
O casulo em cons-trução
Então R.e.s.p.i.r.o
Resguardo...
Paro Reparo
E vejo Sinto Penso em voar
Mas antes de voar
Sinto a dor do crescer das asas
Depois da dor Esqueço como é andar
[Não quero morrer a cada anoitecer! ]

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