3.4.09

Cacos

Só doi Quando
(r.e.s.p.i.r.o)




























"O que é um espelho?

Não existe a palavra espelho - só espelhos, pois um único é uma infinidade de espelhos. Não são preciso muitos para se ter a mina faiscante e sonambúlica: bastam dois, e um reflete o reflexo do que o outro refletiu, num tremor que se transmite em mensagem intensa e insistente ad infinitum, liquidez em que se pode mergulhar a mão fascinada e retirá-la escorrendo de reflexos, reflexos..


- O que é um espelho?
Ele me arrasa para o vazio


campo de silêncios e silêncios. - Esse vazio cristalizado que tem dentro de si espaço para se ir para sempre sem parar: pois espelho é o espaço mais profundo que existe.- E é coisa mágica: quem tem um pedaço quebrado já poderia ir com ele meditar no deserto. De onde também voltaria vazio, iluminado e translúcido, e com o mesmo silêncio vibrante de um espelho.










- O que é um espelho? É o único material inventado que é natural. Quem olha um espelho conseguindo ao mesmo tempo isenção de si mesmo, quem consegue vê-lo sem se ver?










Quem entende que a sua profundidade é ele ser vazio, quem caminha para dentro de seu espaço transparente sem deixar nele o vestí­gio da própria imagem - então percebeu o seu mistério..


Devo ter precisado de minha própria delicadeza para não atravessá-lo com a própria imagem, pois espelho que eu me vejo sou eu, mas espelho vazio é que é espelho vivo. Só uma pessoa muito delicada pode entrar num quarto vazio onde há um espelho vazio, e com tal leveza, com tal ausência de si mesma, que a imagem não marca. Como prêmio, essa pessoa delicada terá então penetrado num dos segredos invioláveis das coisas: Vi o espelho propriamente dito.E descobri os enormes espaços gelados que ele tem em si..


É preciso ficar de espreita dias e noites, em jejum de si mesmo, para poder captar esse instante - nesse instante consegui surpreender a sucessão de escuridões que há dentro dele. Depois, apenas com preto e branco, recapturei sua luminosidade arco-irisada e trêmula. Com o mesmo preto e branco recapturei também, num arrepio de frio, uma de suas verdades mais difí­ceis: o seu gélido silêncio sem cor. É preciso entender a violenta ausência de cor de um espelho para poder recriá-lo, assim como se recriasse a violenta ausência de gosto da água.
[Clarice.L]












Olhei-me no espelho
Olhei-me l.o.n.g.a.(mente)

Vi.. Estava lá
O quê? Você em mim !

Tenho o ventre cheio de palavra{ss}
Não se expelem parto dificil

Enchem-me de sons de sil^ncio
além do indizível

Embalo-te num afago e sei
que a minha dor será a sua

Afinal estamos juntos no
abismo da vida

Reflexos

Só tu pode entender
os beijos que te dou
nas palavras em que me R.escrevo

carrego a minha
DOR misturada Nos teus genes


Um comentário:

A.S. disse...

Olho-te
pelo reflexo
do vidro
entre tua nudez
e o coração
da noite!

In vadia
de amor
o teu reflexo
e
em estilhaços
de vidro
mergulhava
em_________________ti...