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Às vezes nem o silêncio da noite é o mesmo é mais ensurdecedor
Às vezes nem o escuro da noite é o mesmo é mais profundo
E eu sinto-me encolher nesses breves momentos em que abraço
o vazio que reside em volta de mim mesma
E não sei para onde me virar nem sei por onde começar
a rogar se pela presença de alguém se pelo desaparecimento
de {mim}
Sinto-me pequenina como se me tivesse depositado
numa caixinha guardada num báu velho e poeirento
onde nem o tempo faz favor de parar e dizer:
Existes!
As noites não são iguais tomam outro rosto outra face
e em cada fechar de olhos e em cada momento que me deparo
com o mundo cá dentro trepida

As viagens começam
Pelo interior de mim
Pelo exterior de mim
Por esse recônditos lugares onde até eu não me vejo onde por
vezes sou sombra e noutras imagem
Lá onde as telas em branco de mim não são pintadas
pelos meus passos nem pelos meus gestos
Talvez pelos teus diferentes olhares não sei
mas sempre que abraço a mim mesma desfaço-me em
cicatrizes de mim em mil vivências em mil passagens
em mil momentos distintos onde somente estou
Eu não sei
Eu queria mesmo poder saber
será que me podias dizer que irias estar aqui?
Quando tudo se abate em mim quando o mundo ganha
proporções épicas onde somente as personagens mitológicas
parecem capazes de aguentar e continuar Partilhando ou
derrubando comigo essa dimensão de mim onde me julgo
(demasiada infíma)
Escavando comigo em busca duma brecha dum qualquer
pedaço de nada que abre alas a tudo
Dirias que sim?
Que estarias?
Não quero noites conhecidas demasiado óbvias e simples
Não quero abraços solitários nem olhares perdidos no vago
horizonte que a solidão do meu quarto me proporciona
Quero um foco de luz quero uma fonte de cores quero
brisas que despertam melodias em palavras desconhecidas
em notas divinas
A noite a misteriosa reveladora de segredos de realidades
das quais me quero abstrair às quais sei porque pertenço
mas não compreendo
Sonhos pelo menos pelo menos isso talvez encontre enquanto
persigo odores que me digam que sim que estarás aqui sem
te pedir sem te rogar estar
{Perdidos ou encontrados em nós - mas vai estar}
Eu já fui planaltos de imensidão
Eu já fui algo mais que sou hoje
Eu já fui rios já fui colos já fui mais
Já fui cansaço desespero perdição incompreensão
Já fui êxtase alegria saltos e descoberta
já fui hoje ontem e até amanhã Já fui chão de paz
já fui céus de harmonia eu simplesmente já fui
o que não sou Percorro-me a mim percorro paredes
pintadas com a claridade escura de dias horas minutos
segundos de imagens paradas de visões incompletas
Já dancei em sonhos já me abracei a mim já me sorri
já me conheci já fui notas de música já fui música
já fui errante já fui certa..
Hoje dissipo-me em mim
mesma dissipo-me em fantasias
criadas alimentadas passadas
Eu já fui algo mais
Hoje sou aquela que observa que vé nos pés
alheios as histórias que se completam
Hoje sou, (A) espera.
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